quinta-feira, abril 27, 2006

Tênis e vida: uma paralela

(publicado originalmente no site Tênis Brasil)
Por Henrique Terroni Filho
O título deste artigo, um jogo de palavras, é sugestivo, pois aprendi na prática que o tênis e a vida caminham paralelamente e que o "jogar tênis" pode ser uma excelente ferramenta para o nosso desenvolvimento pessoal.Certa vez fui procurado por uma pessoa, interessada em aprimorar seu jogo. Era um psicanalista. Após uma breve conversa inicial, quando o interessado me faz um resumo de sua "história" no tênis, faço a pergunta mais importante, que vai balizar o desenvolvimento das aulas: "O que você busca no tênis e o que você espera das aulas?"As respostas são as mais variadas, nenhuma que eu não conheça ou que já não tivesse ouvido antes: melhora do condicionamento físico, aprimoramento de um fundamento ou do jogo como um todo, ganhar do amigo de quem anda apanhando, levar vantagem sobre a turma no fim de semana, descarregar o "stress" do dia a dia, por achar "um esporte tão bonito!", e tantas outras.Todavia, a resposta daquele psicanalista me surpreendeu: "O tênis é minha terapia. Através dele encontro-me comigo mesmo, com o meu Eu interior e verdadeiro. É o meu processo de autoconhecimento, equilíbrio e a forma ideal de evolução enquanto pessoa!"Era a primeira vez que eu ouvia aquilo!Claro está que nos dias atuais, a abordagem dos aspectos mentais e emocionais em qualquer atividade, e no nosso caso o aprendizado e evolução no tênis, tornou-se algo comum, necessário e especializado. Mas ouvir esta resposta quase 30 anos atrás soava como algo de vanguarda, no mínimo surpreendente!Percebi que ali teria início, muito mais que uma simples relação professor e aluno, uma rica troca de experiências e conhecimentos.Durante o tempo que esteve comigo, enquanto aprimorava seu jogo nos aspectos técnicos e físicos, aprendia com ele a importância do equilíbrio do uso da emoção e da razão, quer no aprendizado e evolução do tênis, como no nosso dia a dia pessoal e profissional.Depois que ele me deixou, por motivo de viagens, continuei aprofundando-me no assunto, através de estudos, cursos e observações, com o objetivo de aplicar nas aulas, com futuros alunos, aquela experiência marcante.Hoje vejo o aprendizado e a evolução no tênis como uma extensão de nossa vida. A abrangência deve ser holística. É a perfeita integração do corpo, mente e emoções. É algo que extrapola o esporte, no caso o tênis, revestindo-se numa nova consciência de conduta pessoal.Atualmente, a cada novo aluno, após as primeiras aulas, a experiência revela-me claramente os componentes de personalidade que irão retardar a evolução do aluno e que, provavelmente, são suas características comportamentais.
Começam a surgir claramente sinais de ansiedade, euforia ou frustração exageradas, irritabilidade, agressividade ou inibição exacerbadas, dificuldade de concentração etc.
Na quadra de tênis mostramos o nosso "eu" real. Somos o que somos.É necessário que o professor, paralelamente aos ensinamentos tradicionais técnicos, trabalhe e discuta com o aluno aquelas características de comportamento que, de alguma forma, dificultarão o aprendizado, a evolução e que deverão estar equilibradas quando ele estiver em competição.Fazer o aluno correr de um lado ao outro não o levará a lugar algum!
Alguns itens para você, que está iniciando no tênis, que já joga habitualmente e que participa de competições, refletir:
· HUMILDADE: Você, não interessa o estágio, é um aprendiz. Não precisa provar nada a ninguém. Harmonize-se com suas qualidades e defeitos, mas sempre buscando o melhor. Abandone a presunção que você é o centro das atenções e que há uma platéia assistindo-o e julgando-o.
· CONTROLE EMOCIONAL: Aprenda a controlar suas emoções, tanto de euforia quanto de frustração. Nunca se irrite. A raiva distorce os pensamentos e decisões. Neste estado você não reverte uma situação desfavorável, seja num simples jogo ou numa situação de vida.
· FORÇA INTERIOR: Não desanime perante as dificuldades. Não esmoreça, nem crie bloqueios. Persista, faça de novo! Elimine de seu vocabulário o "não posso", "não consigo". A evolução e a vitória estão, em primeiro lugar, na sua mente.
· EMPENHO: Vencidas as barreiras comportamentais, hora da transpiração. Pegar na "massa"! Treine! Repita o golpe "mais ou menos" até ele ficar bom. Ou melhor, ainda, ótimo! Você já ouviu falar daquele jogador de futebol que, encerrado o treinamento, quando todos já haviam ido embora, ficava sozinho, uma, duas horas treinando um fundamento. Pense nisto!
Fazendo isto, tenho certeza, seu progresso será visível e rápido, e sua evolução dar-se-á, não só como tenista, mas também como pessoa. E é sempre oportuna a conhecida frase: O primeiro, maior e mais difícil adversário a ser vencido é você mesmo!

segunda-feira, abril 24, 2006

Bolas novas para o jogo

Atenção, tenistas

O desafiante é o responsável por fornecer bolas novas para os jogos.
Fiquem atentos para evitar constragimentos desnecessários.

O desafiante tem que ligar para marcar o jogo!

Atenção tenistas:
O desafiante (está na primeira coluna) é o responsável por ligar para marcar o jogo da rodada.
  • Infelizmente isto não está acontecendo!! Vamos ficar atentos e valorizar a Barragem, pois não interessa a ninguém ganhar de WO.
  • Além do mais, cumprir as regras da Barragem é uma demonstração de cortesia com o parceiro.
  • Várias rodadas que já passaram da data limite ainda estão ABERTAS. Aproveitem a chance e façam logo os jogos pendentes. É uma cortesia da administração da Barragem...

O tênis não é mesmo para qualquer um

Existem situações no tênis que explicam por que este esporte é tão diferente de qualquer outro e principalmente a razão de ser tão difícil seguir uma carreira, até mesmo amadora.
O adversário está abatido, cometendo uma sucessão interminável de duplas-faltas e erro não-forçados. Você chega a 6/1, 5/1. Tudo bem, ele ainda conseguiu sacar razoavelmente e ganhou o próximo game. Mas então você tem o saque a favor no 5/2 e não fecha. No 5/4, não completa de novo, desperdiçando dois match-points pelo caminho. E ainda chega ao 6/5, nada. O tiebreak ameaçador parece sob domínio quando enfim você vai sacar com 6 a 4 no marcador. E de novo não termina.
Guillermo Coria certamente protagonizou em Monte Carlo uma das maiores viradas da história recente do tênis. A seu favor, apenas a incrível determinação de não se entregar, de correr atrás das bolas mais impossíveis. Não foi apenas uma questão de como estava o placar, mas da situação do jogo. Até iniciar a reação, ele somava 17 duplas-faltas.
É bem verdade que Paul-Henri Mathieu tem histórico de amarelão. Ninguém na França esquece a virada que ele tomou de Mikhail Youzhny no quinto e decisivo jogo da final da Copa Davis de 2002 diante da Rússia. “É imperdoável perder deste jeito”, declarou ele aos jornalistas franceses, que nunca tiveram muita confiança na cabeça de Mathieu.
Aí está o outro aspecto que a partida tanto evidenciou. A batalha mental que se travou na quadra mostrou quem tinha mais cabeça. Num de seus primeiros match-points favoráveis, Coria reconheceu o erro do juiz e passou o pé na linha para dar o winner que salvou momentaneamente o francês. Nem se abalou.
Isso me faz lembrar de uma outra virada espetacular. Quartas-de-final de Roland Garros, 1993. Gabriela Sabatini tinha 6/1, 5/1, 40 a 15 com saque a favor. Perdeu de Mary Joe Fernandez com 10/8 no terceiro set, desabou na carreira e admitiu mais tarde que demorou um ano inteiro para esquecer a derrota.
O tênis não é mesmo para qualquer um.
por José Nilton Dalcim às 19h15